+55 (31) 9 9955 -3132 pessoa@carlospessoa.com.br

Gestão de conflitos-parte 2

Os conflitos têm um componente positivo. Por exemplo, os conflitos de ideias são enriquecedores.

O ditado popular diz que a “unanimidade é burra”. De fato, se eu tenho dois auxiliares que pensam da mesma maneira, um deles pode ser dispensado.

Tom Jobim compôs uma canção: “Samba de uma nota só”. A melodia da música tem só uma nota? Sabemos que não, porque a harmonia vem da diversidade.

Da mesma forma, devemos deixar de querer que os outros sejam como nós mesmos e começar a valorizar a singularidade das pessoas como uma variedade que faz parte e enriquece nossa dimensão.

O que devemos mitigar ou gerenciar são os conflitos destrutivos que, por sua natureza hostil, trazem elementos predatórios ou tóxicos à proposta de colaboração e entendimento entre as pessoas.

O uso da força e da coação (embora seja uma linguagem conhecida por todos) não deve nortear a resolução dos conflitos porque a pessoa submetida à força, torna-se uma mola comprimida conspirando contra sua vida. E, quando você não tiver mais força, ela irá se revoltar contra você.

Como as divergências constituem uma parte inevitável da nossa vida, algumas regras podem nos ajudar a superar os conflitos que surgem nos nossos relacionamentos de uma forma mais adequada.

1ª) Evite as reações naturais (agir sem pensar) 

  • Procure dominar seu estado emocional (autocontrole)

Conheça como você reage nos momentos de tensão: você dá gargalhadas, ou fica com os lábios secos, ou começa a espirrar, gaguejar ou ruborizar o rosto?

Se você dá gargalhadas nessas situações, saia da mesa quando começar a dar uns “risinhos” porque, a partir daí, você não vai conseguir mais controlar seu emocional. Como consequência, sua razão vai embora, sua fragilidade torna-se evidente e você fica refém e submisso ao outro…

  • Não decida impulsivamente

Julgando-se pressionado você pode se sentir obrigado a tomar uma decisão sem refletir. É uma maneira infalível de você se arrepender depois. Adie sua decisão.

  • Concentre-se em conquistar o prêmio

A questão crucial não é fazer prevalecer suas posições. É atender aos seus interesses e conquistar o prêmio. Se você hostilizar o outro ou “jogar a toalha”, estará fora do jogo.

2ª) Neutralize as táticas do outro

  • Reconheça as táticas

Utilize alguns mecanismos para identificar se o outro está utilizando táticas para tentar fragilizá-lo:

  • Sinta as vibrações energéticas do outro através do seu “estômago”,
  • Fique atento aos sinais não verbais dele (ele não te olha nos olhos, ex.),
  • Elabore perguntas que você conheça a resposta e compare com a resposta dele,
  • “Pague” para ver…
  • Não se intimide

Perceba o que está além das táticas: o que o outro pode estar querendo quando ele usa uma tática?

O objetivo primordial dele é fazer com que você se sinta fragilizado!

Nesse caso, a conclusão não pode ser mais simples: o outro é que deve estar se sentindo fraco porque, caso contrário, ele não estaria utilizando tática. Afinal, ninguém chuta cachorro morto.

  • Reformule as táticas

Mude o “enquadre”: uma vírgula muda o sentido de uma frase. Por exemplo, a frase “Aceito, obrigado” é diferente de “Aceito obrigado”.

Se o outro deseja retirar uma cláusula do contrato afirmando que irá cumpri-la sem restrições, é o caso de afirmar para ele que, então, não há motivo para retirar a cláusula do contrato uma vez que será “letra morta” já que ele vai cumprir mesmo…

3ª) Crie um clima favorável   

Antes de você abordar o outro, você precisa, primeiro, “desarmá-lo” e arrefecer as emoções negativas dele, tais como medo, desconfiança, resistência, espírito de defesa e hostilidade. 

  • Ouça com respeito e atenção

Escutar o que o outro tem a dizer é a concessão mais barata que você pode fazer.

Não basta ouvir o outro, você tem que provar para ele que você está escutando o que ele diz. Por exemplo, use paráfrases para que ele possa confirmar que você o está ouvindo. 

  • Respeite o ponto de vista e as emoções do outro

Você pode até não concordar com o ponto de vista do outro, mas tem de respeitar. Depois de ouvir o que o outro tem a dizer, mostre que você respeita o ponto de vista dele. Respeitar não significa concordar. 

  • Concorde sempre que puder

É difícil atacar alguém que concorda com você.

Você não precisa fazer nenhuma concessão, basta concentrar-se nos pontos com os quais você já concordou.

É natural concentrar-se nas diferenças, pois são elas que causam o problema. Assim, é melhor concentrar-se no que todos têm em comum.

4ª) Deixe uma “saída honrosa” para o outro

Ele tem que salvar as aparências. Tem que justificar a decisão dele para seus públicos relevanres. A reputação dele pode não significar algo importante para você, mas representa tudo para ele. 

  • Mostre o sentimento de justiça

Ninguém suporta ser injustiçado e se sente constrangido quando comete uma injustiça. Portanto acentue o sentimento de justiça no outro.

  • Troque ameaça por advertência

Jamais ameace o outro. A ameaça é uma promessa negativa em que você declara que vai aplicar uma pena, multa ou castigo e provocar prejuízo, dano ou dor ao outro, caso ele não concorde com sua proposta. A ameaça é objetiva e agressiva e transmite o que você fará.

Mas o pior está por vir. Se ele não aceitar o acordo, você terá que cumprir a ameaça e, nesse caso, será conduzido para um beco sem saída:

  • Se cumprir a ameaça, você arruína seu relacionamento com aquela pessoa.
  • E, se não cumprir, você fica desmoralizado!

Já a advertência, por sua vez, é um sinal de perigo. Subjetivo e respeitoso. Transmite o que acontecerá se vocês não chegarem a um acordo.

A advertência mostra quais possíveis consequências podem ocorrer caso não haja um acordo, dando a impressão de que elas resultam da própria situação em si. Por isso, é mais fácil para o outro curvar-se à realidade do que ceder a você pessoalmente. 

  • Inocule na mente do outro que a decisão foi dele

Em vez de forçar e empurrar o outro para um acordo, faça o contrário: crie um clima favorável e deixe que ele decida por conta própria.

Um resultado imposto é sempre instável, o outro não só resistirá como também tentará sabotar ou anular o resultado na primeira oportunidade.

E, finalmente, lembre-se das sábias palavras de Tancredo Neves:

“Há muito mais alegria em chegar a um entendimento do que em derrotar um adversário.”

Pense nisso.

Pin It on Pinterest

Share This

Compartilhe