+55 (31) 9 9955 -3132 pessoa@carlospessoa.com.br

A credibilidade de Moisés

O texto que será apresentado a seguir foi extraído e adaptado de um artigo divulgado em agosto de 1989 pela Rhodia (Grupo Rhône – Poulenc). Escrito pelo seu presidente Edson Vaz Musa, mostra jocosamente, mas com muita clareza, a importância da credibilidade, através da adaptação de uma passagem bíblica para os dias atuais:

Tempos atrás, o líder de um povo, perseguido por um exército inimigo, se viu acuado. Ele não podia recuar porque não tinha armas para enfrentar seu adversário. Nem prosseguir porque à sua frente estava o Mar Vermelho, barrando o seu caminho. Esse líder, chamado Moisés, olhou seu povo e disse que iria abrir o mar para que pudessem fugir. Ao ouvir isso, um dos seus assessores não se conteve: “Se o senhor abrir o mar, pode contar: eu lhe garanto, no mínimo, dez páginas na Bíblia. ”

Certamente, essa passagem bíblica já é conhecida por quase todos. Entretanto, adaptada aos dias atuais, ela pode nos ajudar na reflexão sobre credibilidade. Nessa situação imaginária, Moisés diria ao assessor que as dez páginas representariam um bom retorno, mas o ideal seria que ele conseguisse a capa. De toda forma, tudo dependeria de duas coisas: de que ele realmente abrisse o Mar Vermelho e de sua credibilidade. Vamos imaginar o que aconteceria se essa passagem bíblica fosse transportada para os dias de hoje.

  1. Se Moisés tivesse credibilidade, quais poderiam ser as manchetes dos jornais? Moisés abre o mar e salva seu povo; Moisés deixa egípcios atônitos; Moisés aponta o caminho da salvação; A divina estratégia de Moisés
  2. E se, ao contrário, ele não tivesse credibilidade? Mar Vermelho se abre. Moisés diz que foi ele!; Fenômeno agita o Mar Vermelho; Moisés é um risco à navegação; Moisés é desafiado a repetir a façanha; Moisés: um novo Spielberg?

A questão-chave, portanto, é a credibilidade. Diz a sabedoria indígena que, quando não cumprimos o que prometemos, o fio de nossa ação, que deveria estar concluída e amarrada em algum lugar, fica solto ao nosso lado.

Com o passar do tempo, os fios soltos enrolam-se em nossos pés e impedem que caminhemos livremente… ficamos amarrados às nossas próprias palavras. Por isso os nativos têm o costume de “pôr-as-palavras-a-andar”, que significa agir de acordo com o que se fala. Isso conduz à integridade do pensar, do sentir e do agir no mundo, que, relacionados, nos conduzem ao caminho da beleza, onde há harmonia e prosperidade naturais.

Saber, e não fazer, ainda não é saber.

Pin It on Pinterest

Share This

Compartilhe