Procurement circular: Da compra à logística reversa
O conceito de procurement circular está cada vez mais presente na agenda de líderes e profissionais de compras e suprimentos. Muito além de reduzir custos, essa abordagem representa um novo modelo de pensar a cadeia de valor, promovendo eficiência, sustentabilidade e inovação — da aquisição de insumos à destinação de resíduos.
Neste artigo, você vai entender em detalhes o que é procurement circular, como ele transforma a operação de compras e quais estratégias você pode aplicar na sua empresa para gerar vantagem competitiva sustentável.
Entendendo o que é procurement circular
Antes de mais nada, é fundamental entender o conceito de procurement circular. Trata-se de uma prática baseada nos princípios da economia circular, que visa eliminar o desperdício e manter os recursos em uso pelo maior tempo possível. Ao invés de seguir o modelo linear tradicional (comprar, usar, descartar), o foco é criar ciclos regenerativos.
Por exemplo, ao adquirir matérias-primas recicladas, reutilizar componentes ou contratar fornecedores com políticas de logística reversa, o time de compras se torna peça-chave na transição para uma economia mais circular e menos dependente de recursos finitos.
Por que a economia circular impacta diretamente o setor de compras
Consequentemente, o setor de compras tem papel essencial na transição das empresas para modelos mais sustentáveis. Ao centralizar decisões sobre materiais, embalagens, transportes e fornecedores, a área de procurement influencia toda a cadeia produtiva.
Além disso, fornecedores que adotam práticas circulares geralmente trazem diferenciais competitivos, como menor impacto ambiental, maior rastreabilidade e inovação. Portanto, incluir critérios de circularidade nas decisões de sourcing não é apenas uma questão ética, mas também estratégica.
Integrando sustentabilidade e eficiência operacional
Por outro lado, muitas empresas ainda veem a circularidade como algo oposto à eficiência operacional. No entanto, a experiência mostra o contrário: reduzir desperdício e reaproveitar materiais pode gerar economias expressivas e melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos.
Simultaneamente, a digitalização e o uso de tecnologias como IoT, blockchain e inteligência artificial facilitam a rastreabilidade de insumos e produtos, aumentando a transparência e possibilitando decisões mais rápidas e inteligentes.
O papel da análise de ciclo de vida nas decisões de compra
Dessa forma, a análise do ciclo de vida (ACV) se torna uma ferramenta poderosa para equipes de procurement. Ela permite comparar diferentes alternativas de compra não apenas pelo custo imediato, mas considerando também os impactos ambientais, sociais e econômicos ao longo do tempo.
Em vez de escolher o fornecedor mais barato, é possível avaliar qual alternativa oferece o melhor custo-benefício de forma sustentável. Isso inclui aspectos como durabilidade, facilidade de manutenção, reciclabilidade e consumo de energia na produção.
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Como escolher fornecedores alinhados à circularidade
Sob esse ponto de vista, uma das principais ações para implementar o procurement circular é revisar os critérios de seleção e avaliação de fornecedores. Parcerias com empresas que compartilham dos mesmos valores são fundamentais para o sucesso da estratégia.
Ao incluir indicadores como uso de matéria-prima reciclada, certificações ambientais, práticas de economia de energia e logística reversa, a área de compras pode fortalecer seu papel como agente de transformação.
A logística reversa como elo final da cadeia circular
Em paralelo, a logística reversa assume papel decisivo na aplicação prática do procurement circular. Ela permite que produtos e materiais retornem à cadeia de valor, evitando o descarte precoce e incentivando o reuso, a remanufatura ou a reciclagem.
Nesse cenário, empresas que estabelecem processos eficientes de devolução e reaproveitamento de insumos têm mais chances de atender às legislações ambientais, reduzir custos com matéria-prima e reforçar sua imagem junto a clientes e investidores.
Exemplos práticos de procurement circular em empresas brasileiras
Analogamente, diversas organizações no Brasil já estão colhendo os frutos de práticas circulares em compras. Setores como construção civil, tecnologia, automotivo e bens de consumo têm se destacado pela adoção de modelos inovadores.
A Natura, por exemplo, utiliza refis para reduzir resíduos plásticos e aplica logística reversa em sua rede de distribuição. Já a Whirlpool possui processos de remanufatura de eletrodomésticos, reintegrando componentes ao ciclo produtivo com alta eficiência.
Benefícios tangíveis e intangíveis para o negócio
Por outro lado, os resultados do procurement circular vão além das métricas financeiras. A reputação da marca, a relação com stakeholders e a capacidade de inovação também são impactadas positivamente.
Nesse sentido, empresas que adotam a circularidade em compras tendem a ter melhor posicionamento no mercado, atraem investidores mais alinhados a ESG e fortalecem sua proposta de valor diante de consumidores conscientes.
Como implementar o procurement circular na prática
Em primeiro lugar, é necessário um diagnóstico completo das práticas atuais de compras e gestão de fornecedores. Identificar os principais gargalos, oportunidades de reuso e resíduos gerados é o ponto de partida.
Depois disso, é importante revisar políticas internas, treinar o time de compras e estabelecer KPIs que considerem não apenas o custo, mas também o impacto ambiental e social de cada aquisição. Ferramentas como plataformas de SRM (Supplier Relationship Management) podem apoiar esse processo.
Desafios comuns enfrentados pelas empresas
Todavia, como toda mudança de paradigma, a transição para o procurement circular traz seus desafios. Resistência interna, falta de dados confiáveis, cultura organizacional tradicional e ausência de fornecedores preparados são alguns dos obstáculos mais comuns.
Ainda assim, empresas que conseguem superar esses desafios desenvolvem uma vantagem competitiva duradoura e ampliam sua capacidade de adaptação frente às mudanças de mercado e regulamentações futuras.
Tendências e inovações que impulsionam o procurement circular
Eventualmente, o avanço tecnológico e o aumento da exigência por sustentabilidade criam um ambiente favorável à adoção de práticas circulares. Softwares de rastreabilidade, digital twins e marketplaces de resíduos são algumas das inovações que têm acelerado essa transição.
Do mesmo modo, a pressão por metas ESG e o surgimento de regulamentações mais rígidas obrigam as empresas a repensar sua cadeia de valor. Com isso, a área de procurement ganha mais protagonismo nas decisões estratégicas.
Conectando compras com design e inovação
Por fim, uma mudança essencial na mentalidade de compras circulares é integrar o procurement ao desenvolvimento de produtos. Ao colaborar desde as fases iniciais com P&D, engenharia e marketing, o time de suprimentos pode influenciar decisões que determinam a circularidade do produto desde o design.
Assim, surgem soluções mais eficientes, com menor impacto ambiental e maior viabilidade econômica no longo prazo. Esse modelo de trabalho colaborativo é chave para consolidar uma cultura realmente circular.
Considerações finais
Adotar o procurement circular é mais do que uma tendência: é uma necessidade estratégica para empresas que buscam se manter competitivas em um mundo cada vez mais atento aos impactos ambientais e sociais das suas operações.
Ao investir em práticas que envolvam ciclo de vida, fornecedores sustentáveis, logística reversa e inovação colaborativa, o setor de compras deixa de ser apenas operacional e passa a ser protagonista da transformação empresarial.
Se você é gerente, analista ou diretor de suprimentos, este é o momento ideal para começar essa jornada. A circularidade pode parecer um desafio no início, mas ela traz resultados concretos que vão muito além do compliance — ela impulsiona o futuro do seu negócio.
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