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O novo perfil do profissional de compras 2030

Introdução

O setor de compras está passando por uma transformação profunda motivada por mudanças tecnológicas, regulatórias e sociais. Para gerentes, analistas, especialistas e diretores de compras e suprimentos, entender o perfil do profissional de compras em 2030 torna-se requisito estratégico para manter relevância e impacto organizacional. Neste artigo, vamos explorar as principais competências, atitudes e modelos de atuação que definirão esse novo perfil, além de apontar caminhos de desenvolvimento para profissionais que desejam se antecipar à evolução da área.


O contexto da função compras até 2030

A função de compras deixou de ser apenas operacional ou de controle de custos para se tornar um motor de geração de valor, inovação e sustentabilidade para a empresa. Conforme relatório da Oliver Wyman, até 2030 essa evolução será manifesta: a área precisa entregar não somente economia, mas impacto estratégico, agilidade e valor de negócios. 
Além disso, a digitalização intensa, a mudança das cadeias globais e o foco em ESG (ambiental, social e governança) exigem que os profissionais de compras atuem de forma mais conectada ao negócio e ao ecossistema externo. Diante desse cenário, o “profissional de compras 2030” deverá apresentar um conjunto ampliado de habilidades e uma nova mentalidade para prosperar.


Competências técnicas e digitais ampliadas

Os profissionais precisam dominar novas tecnologias, interpretar grandes volumes de dados e antecipar cenários. Algumas das competências mais citadas incluem:

  • Alfabetização em IA (inteligência artificial) e machine learning, para entender como aplicar essas tecnologias em sourcing, previsão de demanda e automação de processos.

  • Habilidade em análise de dados, para extrair insights de fontes diversas e conectar informação ao processo de decisão estratégica. 

  • Conhecimento em segurança de dados e riscos digitais. Com a cadeia de suprimentos cada vez mais conectada, os profissionais de compras assumirão responsabilidades quanto à cibersegurança dos fornecedores.

  • Familiaridade com plataformas digitais de compras, automação de processos, blockchain e IoT para otimizar operações e criar visibilidade em real time. 

Para gerentes e diretores de compras, isso significa que supervisionar tecnologia não será mais opcional — será parte fulcral da função. A falta de domínio dessas ferramentas pode colocar em risco tanto a competitividade quanto a relevância estratégica da área.

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Atitudes e soft skills essenciais

Embora as habilidades técnicas sejam fundamentais, o conjunto de competências humanas e comportamentais ganhará ainda mais peso. Um estudo do Chartered Institute of Procurement & Supply (CIPS) aponta que comunicação, integridade e colaboração serão pilares para os líderes de compras em 2030.
Alguns exemplos práticos:

  • Comunicação eficaz com stakeholders internos e externos, traduzindo exigências de negócio em estratégias de compras e vice-versa.

  • Colaboração interfunção: trabalhar de modo integrado com finanças, operações, sustentabilidade e risco para entregar valor amplo ao negócio.

  • Mentalidade de aprendizagem contínua e adaptabilidade, já que o ambiente será cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo (VICA).

  • Liderança de equipes diversas, com foco em coaching, empoderamento e desenvolvimento de novos talentos para construir uma função de compras mais estratégica.

Para que analistas e especialistas se preparem, cultivar essas atitudes torna-se tão importante quanto investir em tecnologias ou metodologias.


Papel estratégico e de geração de valor da área de compras

Em 2030, a área de compras não será vista apenas como mecanismo de redução de custos; ela será reconhecida como eixo de inovação, sustentabilidade e vantagem competitiva. Conforme levantamento da Oliver Wyman, a função será elevada a um papel de “business partner” para unidades de negócio.
Isso implica que profissionais de compras devem:

  • Entender o negócio mais amplamente: mercado, modelo de receita, concorrência, tendências tecnológicas e regulatórias.

  • Contribuir com estratégias de crescimento, inovação de produto e experiência de cliente, não apenas com contratos e fornecedores.

  • Gerenciar parcerias estratégicas com fornecedores de modo colaborativo, buscando inovação conjunta, sustentabilidade e co-criação de valor.

  • Focar em indicadores de valor além do custo: risco mitigado, tempo de inovação, sustentabilidade, capital de giro, reputação da empresa.

Esse nível de atuação exige que gerentes e diretores de compras entendam finanças, inovação, governança e até marketing — consolidando a função como parte integrante do “core” estratégico da empresa.


Sustentabilidade, ética e responsabilidade como diferenciais competitivos

As exigências de ESG transformarão as compras. Já não basta buscar o menor preço ou fornecedor mais rápido — o critério ambiental, social e de governança pesa cada vez mais. Segundo artigo da Proactis, temas como economia circular, diversidade de fornecedores, rastreabilidade e redução de emissões serão fatores decisivos para a função de compras. 
Outras implicações:

  • Profissionais precisarão entender métricas de sustentabilidade, ciclo de vida do produto, fornecedores com práticas éticas e cumprir regulações ambientais.

  • A função de compras será central em iniciativas de economia circular e aquisição responsável, assegurando que fornecedores entreguem não apenas bens ou serviços, mas valor sustentável.

  • Transparência e confiança nas relações com fornecedores serão cada vez mais valorizadas — o que exige integridade, visibilidade e governança robusta.

Para analistas e especialistas, isso significa que as decisões de compras devem estar alinhadas aos objetivos de sustentabilidade da empresa. Para diretores, isso implica liderar fornecedores em sua jornada ESG e integrar essas práticas ao orçamento e à estratégia.


Desenvolvimento do talento e equipes de compras para 2030

Preparar a equipe para o futuro é tão ou mais importante do que preparar o indivíduo. Um relatório do ProcureAbility identifica que recrutamento, retenção e capacitação de talentos serão elementos críticos no ecossistema de compras em 2030.
Estratégias para isso incluem:

  • Investir em upskilling e reskilling da equipe, com foco em competências digitais, analíticas e comportamentais.

  • Criar estratégias de employer branding alinhadas à missão, valores e propósito da função compras, para atrair perfis jovens que buscam significado no trabalho.

  • Estruturar times com diversidade de perfis — combinando profissionais técnicos, dados/analytics, estratégia de negócios e especialistas em sustentabilidade.

  • Implementar modelos de equipe ágeis e fluídos, capazes de responder rapidamente a mudanças de mercado, risco ou tecnologia.

Para gerentes e diretores, a tarefa será construir o “time de compras 2030”, onde cada profissional traz não apenas execução, mas visão, adaptabilidade e iniciativa para contribuir com a função como um todo.


Desafios e riscos que o profissional de compras 2030 terá de enfrentar

Apesar das oportunidades, o caminho não será simples. Alguns dos principais desafios esperados:

  • Pressão para entregar mais valor com orçamentos muitas vezes restritos, exigindo maior eficiência e priorização de investimentos.

  • A lacuna de competências digitais: muitos profissionais ainda não possuem familiaridade com ferramentas analíticas ou de IA – e a evolução será rápida.

  • Riscos de cibersegurança, compliance e integridade de fornecedores: com cadeias cada vez mais complexas, o profissional de compras será responsável por áreas tradicionalmente de TI ou risco.

  • Volatilidade e complexidade das cadeias globais: mudanças geopolíticas, crises climáticas, pandemias implicam que o perfil de compras deva ser resiliente e adaptativo.

  • Resistência organizacional: muitas vezes a área de compras precisa provar seu valor estratégico, deixando de ser vista como “custos” para se tornar “parceiro de negócios”.

Esses riscos exigem planejamento, investimento em talento e liderança proativa para que a função de compras consiga cumprir seu papel ampliado com sucesso.


Passos práticos para se transformar como profissional de compras

Para que gerentes, analistas e especialistas se preparem para o perfil de 2030, seguem alguns passos aplicáveis:

  1. Faça um diagnóstico das suas competências atuais – identifique lacunas em dados, tecnologia, sustentabilidade ou habilidades relacionais.
  2. Estabeleça um plano de aprendizagem contínua – inclua cursos de IA, analytics, sustentabilidade, digital procurement e soft skills de liderança.
  3. Alinhe-se com o negócio – entenda o modelo, objetivos estratégicos e como sua função de compras pode agregar valor além do custo.
  4. Desenvolva parcerias com fornecedores estratégicos – busque inovação conjunta, sustentabilidade e cocriação de valor (não apenas preço).
  5. Implemente parceria interna – trabalhe próximo às unidades de negócio, finanças, operações e risco para antecipar necessidades e influenciar decisões mais amplo.
  6. Cultive mentalidade ágil e adaptável – aceite mudanças, incertezas e fomente experimentação em sua área de compras.
  7. Mensure valor além da economia – inclua indicadores de risco, sustentabilidade, inovação e tempo de mercado para demonstrar impacto estratégico.

Adotar esses passos sustentará a evolução individual e coletiva da função de compras rumo a 2030.


Conclusão

O perfil do profissional de compras em 2030 será marcado por uma fusão de competências digitais, visão estratégica, atitudes de liderança e foco em sustentabilidade. Para gerentes, analistas, especialistas e diretores de compras e suprimentos, a oportunidade é clara: posicionar-se hoje para a função ampliada que o mercado exigirá amanhã. A evolução não será automática — exigirá escolha, investimento e coragem para liderar a mudança. Mas aqueles que se anteciparem farão da área de compras um dos pilares de competitividade da organização.


Leituras complementares


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