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Metodologias ágeis em procurement

Como Scrum e Kanban estão revolucionando as compras

Introdução: a revolução ágil nas compras corporativas

O cenário de compras corporativas mudou radicalmente nos últimos anos. Processos antes rígidos, lentos e altamente burocráticos estão sendo substituídos por modelos dinâmicos e colaborativos. Nesse contexto, as metodologias ágeis, como Scrum e Kanban, estão conquistando espaço estratégico dentro das áreas de Procurement e Supply Chain.

Diferente do que muitos pensam, agilidade não significa desorganização. Pelo contrário, é sinônimo de foco em resultados, adaptação contínua e entregas de valor mais rápidas. Por isso, empresas que adotam frameworks ágeis conseguem reagir com velocidade a mudanças de mercado, negociar melhor com fornecedores e gerar valor interno com mais consistência.


Por que o procurement precisa ser ágil

As organizações enfrentam um ambiente de negócios cada vez mais incerto. Oscilações cambiais, rupturas logísticas e crises globais tornam os processos tradicionais de compras lentos e caros. Em resposta, o Procurement Ágil surge como uma abordagem moderna para lidar com volatilidade e complexidade.

Além disso, equipes de compras ágeis trabalham com visão colaborativa, integrando fornecedores, stakeholders e outras áreas internas em um fluxo contínuo de aprendizado. Dessa forma, a comunicação flui melhor e a tomada de decisão se torna mais assertiva.

Ao substituir longos ciclos de aprovação por ciclos curtos de feedback, os profissionais de compras ganham autonomia, e a área passa a ser vista como um parceiro estratégico, não apenas como um centro de custos.


Entendendo o conceito de agilidade

A filosofia ágil nasceu no desenvolvimento de software, mas rapidamente se expandiu para outras áreas. Seu princípio é simples: entregar valor continuamente, ajustando o processo conforme novas informações surgem.

Em vez de planejar tudo de forma rígida no início do projeto, as metodologias ágeis permitem adaptação contínua e feedback rápido. Isso se encaixa perfeitamente no mundo das compras, onde condições de mercado, preços e demandas podem mudar em questão de dias.

Por consequência, aplicar o pensamento ágil em procurement não é apenas uma questão de metodologia — é uma mudança cultural. Ela estimula autonomia, responsabilidade compartilhada e aprendizado contínuo.


Scrum: estrutura de sprints para entregar mais valor

O Scrum é uma metodologia ágil baseada em ciclos curtos de trabalho, chamados de sprints, que normalmente duram entre 1 e 4 semanas. Em cada sprint, a equipe define prioridades claras, executa tarefas e revisa os resultados com base em indicadores mensuráveis.

Nas áreas de compras, o Scrum pode ser aplicado para gerenciar projetos complexos, como implementação de sistemas de e-procurement, renegociação de contratos estratégicos ou seleção de novos fornecedores.

Cada sprint tem um objetivo tangível, e ao final dele, há uma reunião de revisão (review) para avaliar o progresso e ajustar o backlog. Essa cadência cria uma rotina de melhoria contínua e mantém o time alinhado às metas da organização.

Além disso, o Scrum Master — figura central do método — atua como facilitador, removendo obstáculos e garantindo que o fluxo de trabalho ocorra de forma eficiente.

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Kanban: visualizando o fluxo de compras

O Kanban, por sua vez, é um sistema visual que permite acompanhar o progresso das tarefas em tempo real. Baseado em colunas (como “A fazer”, “Em andamento” e “Concluído”), ele proporciona transparência total e evita gargalos nos processos.

Aplicado ao procurement, o Kanban ajuda a mapear o ciclo de vida de cada requisição, desde a solicitação até o fechamento do pedido. Dessa maneira, é possível identificar facilmente atrasos, dependências e etapas que precisam de automação.

Outro benefício do Kanban é a redução de desperdícios. Com ele, as equipes conseguem limitar o número de tarefas em andamento (WIP – Work In Progress), concentrando esforços nas entregas mais importantes.

Essa prática resulta em maior previsibilidade e produtividade, o que é essencial em ambientes onde cada segundo impacta a margem de lucro.


Comparando Scrum e Kanban em procurement

Embora ambos sejam métodos ágeis, Scrum e Kanban possuem diferenças fundamentais. O Scrum é ideal para projetos com objetivos bem definidos e entregas incrementais. Já o Kanban é mais indicado para fluxos contínuos, como o acompanhamento de pedidos, contratos e requisições.

Por exemplo, um time de compras pode usar Scrum para gerenciar a implementação de um novo ERP, enquanto utiliza Kanban para monitorar as demandas diárias. Essa combinação gera equilíbrio entre planejamento estratégico e execução operacional.

Além disso, quando usados em conjunto, esses métodos ajudam a alinhar ritmo, priorização e transparência, criando uma cultura de entrega contínua e de alta performance.


Principais benefícios da aplicação ágil em compras

A adoção das metodologias ágeis em procurement traz ganhos significativos. Entre os principais benefícios, destacam-se:

  1. Aumento da eficiência operacional: ciclos curtos e objetivos claros eliminam retrabalhos.
  2. Melhoria da comunicação interna: times multidisciplinares colaboram de forma fluida.
  3. Tomada de decisão mais rápida: reuniões curtas e frequentes evitam gargalos.
  4. Maior satisfação dos stakeholders: entregas constantes e mensuráveis geram confiança.
  5. Redução de custos: foco no valor e eliminação de desperdícios otimizam o orçamento.

Esses resultados fazem com que o procurement assuma um papel estratégico na cadeia de valor da empresa, atuando como um verdadeiro motor de inovação.


Como implementar a agilidade em compras

Adotar metodologias ágeis não é apenas implantar ferramentas. É necessário mudar a mentalidade do time e redesenhar processos para que a agilidade seja sustentável.

O primeiro passo é começar pequeno, escolhendo um projeto-piloto com alto impacto, mas risco controlado. Depois, é importante definir papéis claros, como Product Owner, Scrum Master e equipe de compras.

Outro ponto essencial é promover treinamentos e workshops, capacitando o time para compreender os princípios ágeis e aplicá-los de forma prática.

Por fim, é indispensável medir resultados por meio de indicadores como tempo de ciclo, lead time, custos por categoria e satisfação dos clientes internos. A coleta de dados permite identificar gargalos e ajustar continuamente as práticas.


Exemplos reais de agilidade em procurement

Empresas líderes em seus setores já estão colhendo os frutos da agilidade. A IBM, por exemplo, aplicou práticas de Scrum em suas operações de procurement e conseguiu reduzir em 35% o tempo médio de negociação com fornecedores.

Outra referência é a Siemens, que adotou Kanban para monitorar solicitações de compras em tempo real, melhorando a transparência e diminuindo o número de solicitações pendentes.

Casos como esses mostram que a agilidade não é apenas uma tendência, mas uma vantagem competitiva real, capaz de transformar o papel do procurement dentro das corporações.


Desafios e como superá-los

Apesar dos benefícios, a transição para um modelo ágil traz desafios. Resistência à mudança, falta de capacitação e ausência de patrocínio executivo são barreiras comuns.

Para superá-las, é fundamental investir em comunicação clara e liderança inspiradora. Os líderes devem mostrar o valor das entregas incrementais e destacar como a agilidade fortalece a estratégia de negócios.

Outro desafio é adaptar a agilidade às particularidades das compras, mantendo conformidade com políticas internas e exigências legais. Com equilíbrio entre flexibilidade e governança, o procurement ágil se torna mais resiliente e eficiente.


Ferramentas digitais que apoiam a agilidade

A tecnologia é aliada fundamental da agilidade em compras. Plataformas como Trello, Jira e Monday.com permitem gerenciar tarefas com transparência e colaboração.

Além disso, soluções de e-procurement integradas automatizam rotinas repetitivas, liberando tempo para atividades estratégicas. O uso de dashboards interativos também ajuda a monitorar KPIs e detectar oportunidades de melhoria contínua.

Quando tecnologia e agilidade se unem, o resultado é um procurement mais inteligente, preditivo e centrado em valor.


O papel da liderança na transformação ágil

Nenhuma transformação prospera sem liderança comprometida. Diretores e gerentes de compras precisam ser os primeiros a adotar a mentalidade ágil, incentivando a autonomia das equipes e apoiando experimentos controlados.

Líderes ágeis não apenas delegam, mas empoderam seus times para tomar decisões rápidas e seguras. Essa confiança gera engajamento e eleva o nível de maturidade organizacional.

Com isso, o procurement deixa de ser apenas executor e se torna um agente de transformação, capaz de acelerar inovação e gerar impacto estratégico.


Conclusão: o futuro ágil do procurement

O futuro do procurement pertence às organizações que conseguem aliar eficiência operacional à flexibilidade estratégica. As metodologias ágeis — Scrum e Kanban — não são modismos, mas ferramentas poderosas para criar times de compras mais adaptáveis, colaborativos e orientados a resultados.

A transição exige coragem, aprendizado e compromisso. Contudo, o retorno é claro: menor tempo de entrega, maior valor estratégico e equipes mais motivadas.

A agilidade não apenas transforma processos — transforma pessoas e culturas. E é exatamente isso que diferencia as empresas preparadas para o futuro daquelas presas ao passado.


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