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Governo recua, mas comprador ainda paga mais no IOF

Como a nova regra do Imposto sobre Operações Financeiras afeta diretamente o setor de compras e as estratégias internacionais das empresas

🧭 Entenda o que está acontecendo

O novo decreto sobre o IOF, publicado em junho de 2025, trouxe alterações significativas para transações financeiras. Embora tenha havido recuos em alguns pontos após pressão de setores produtivos e do Congresso, o impacto no bolso de quem atua com compras internacionais permanece.

Entre as mudanças mais relevantes, a unificação da alíquota de IOF para 3,5% sobre remessas, compras com cartão internacional e aquisição de moeda estrangeira tornou mais caro operar globalmente. Isso afeta diretamente a rotina de profissionais da área de compras, especialmente em viagens corporativas, prospecção de fornecedores e fechamento de contratos no exterior.


🛫 Viagens de compras ficaram mais caras — e isso muda o planejamento

Em um cenário onde viagens para feiras internacionais, visitas a fábricas e reuniões presenciais com fornecedores são parte do planejamento estratégico, a elevação do IOF pressiona os orçamentos corporativos.

Além do aumento sobre cartões de crédito (de 3,38% para 3,5%), a cobrança unificada também elevou os custos sobre compras de moeda em espécie e remessas para contas no exterior — antes com alíquotas bem menores (1,1%).

Essa mudança pode representar uma variação de até 30% nos custos financeiros de viagens corporativas, exigindo uma nova avaliação sobre custo-benefício de deslocamentos e contratos internacionais.


🔍 O que mudou no IOF — e o que não mudou

O governo recuou em parte do decreto, reduzindo a tributação sobre operações de crédito para empresas, risco sacado e aplicações em previdência privada. No entanto, a alíquota de 3,5% foi mantida para todas as saídas de recursos do país que envolvem:

  • Cartões internacionais (crédito, débito e pré-pagos);

  • Compra de moeda estrangeira;

  • Remessas para contas de pessoas físicas no exterior (exceto para investimentos formais).

Essas mudanças têm efeito imediato na forma como os departamentos de compras operam globalmente. Desde o pagamento de fornecedores até a gestão de viagens e adiantamentos internacionais, o impacto financeiro é inevitável.


💰 Impacto direto nas operações de supply chain internacional

Para empresas que atuam com fornecedores globais, o novo cenário de IOF representa um encarecimento real nas operações transfronteiriças.

Qualquer pagamento internacional feito por meio de cartão corporativo, remessa bancária ou compra de moeda para adiantamento está agora sob a nova alíquota. Isso pressiona os custos totais das transações e afeta:

  • Importação de amostras e protótipos;

  • Pagamentos em dólar ou euro para fornecedores estratégicos;

  • Custos indiretos de viagens e hospedagem;

  • Cálculo de ROI em projetos internacionais.

O resultado? A rentabilidade de contratos globais pode ser afetada, principalmente quando os valores não foram previamente ajustados com variações tributárias.

Continua…

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📈 Estratégias para mitigar o impacto

Diante desse cenário, os profissionais de compras precisam adotar medidas práticas para minimizar perdas e manter a competitividade nas negociações internacionais.

Algumas estratégias viáveis incluem:

  • Renegociar contratos com fornecedores em moeda local ou via hedge cambial;

  • Reduzir a dependência de pagamentos via cartão internacional, buscando meios diretos e isentos de IOF;

  • Planejar viagens com antecedência e consolidar múltiplas agendas para evitar gastos desnecessários;

  • Utilizar fintechs ou bancos digitais com soluções específicas para empresas, desde que estejam em conformidade com as novas regras.

Essas medidas ajudam a ajustar o fluxo financeiro da empresa sem comprometer as operações internacionais.


🧠 A importância da governança tributária nas decisões de compras

A nova alíquota reforça a necessidade de uma abordagem integrada entre as áreas de compras, tributária e financeira.

Planejar uma viagem, uma remessa ou até mesmo um contrato internacional sem avaliar o impacto do IOF pode gerar gastos ocultos que corroem a margem de lucro. Nesse sentido, o comprador moderno precisa atuar como estrategista tributário, analisando:

  • Cenários fiscais alternativos por país;

  • Opções de adiantamento financeiro com menor carga tributária;

  • Planejamento conjunto com a controladoria para mitigar riscos.

Essa visão analítica agrega valor e posiciona o profissional de compras como ponto de equilíbrio entre operação e compliance.


📉 Redução do crédito para empresas não compensa para compradores

O recuo do governo foi parcial e altamente técnico. A redução do IOF nas operações de crédito para empresas (risco sacado) pouco ou nada influencia a rotina dos compradores que lidam com fornecedores internacionais ou lidam com despesas em moeda estrangeira.

Essa mudança pode até favorecer setores com alto volume de crédito doméstico, mas não resolve os efeitos práticos sobre o fluxo de caixa de equipes de suprimentos que operam globalmente.

É necessário, portanto, compreender que o alívio tributário foi pontual e restrito, sem impacto real nas operações típicas do setor de compras com atuação internacional.


📊 Como calcular o novo impacto tributário nas operações

A nova alíquota unificada de 3,5% sobre saídas de recursos exige uma reavaliação contábil das despesas previstas em transações internacionais.

Por exemplo, um pagamento de R$ 100 mil a um fornecedor no exterior que antes sofria IOF de 1,1% (R$ 1.100) agora será tributado em R$ 3.500 — um aumento de R$ 2.400 por transação.

Para equipes que realizam remessas frequentes, a diferença acumulada pode se tornar um passivo financeiro relevante ao longo do ano, exigindo ajustes orçamentários e renegociação de condições com stakeholders internos e externos.


📚 Case de impacto: como uma empresa recalculou suas viagens

Empresa: Multinacional de equipamentos industriais
Desafio: Feiras internacionais em Milão e Hannover estavam no cronograma anual da equipe de compras. A elevação do IOF em remessas e cartões internacionais gerou um aumento médio de 12% no custo total de viagem por colaborador.

Solução: A empresa consolidou agendas, limitou o número de participantes por missão internacional e adotou pagamentos diretos a hotéis e fornecedores via transferências locais em euros, previamente negociadas com bancos parceiros.

Resultado: Redução de 28% nos custos logísticos das viagens e manutenção da participação estratégica em eventos globais, sem comprometer o orçamento.


🧩 O papel do comprador como planejador tributário

Cada vez mais, espera-se do profissional de compras uma atuação consultiva e estratégica, que vá além de negociar preços.

Entender tributos, como o IOF, e seus desdobramentos diretos sobre o custo final de aquisição é parte da função moderna do comprador, especialmente no contexto globalizado. Isso inclui:

  • Avaliar riscos cambiais e fiscais;

  • Planejar financeiramente com apoio de controladoria;

  • Mapear impactos tributários em toda a jornada de aquisição.


🔐 IOF e compliance: o que não pode ser ignorado

Ignorar as novas regras do IOF pode trazer riscos não apenas financeiros, mas reputacionais. Operações em nome de colaboradores, triangulações por contas estrangeiras ou uso de fintechs sem autorização legal podem ser enquadradas como evasão fiscal ou descumprimento de compliance corporativo.

Por isso, é fundamental que a conformidade com as leis e políticas internas da empresa esteja no centro das decisões financeiras.

O IOF é um tributo sensível, e sua correta aplicação precisa ser tratada com transparência, rastreabilidade e apoio jurídico quando necessário.


✅ Checklist para compradores se adaptarem às novas regras do IOF:

  • Recalcular custos de viagens e remessas internacionais

  • Evitar uso excessivo de cartões de crédito fora do país

  • Negociar pagamentos diretos com fornecedores em moeda local

  • Reunir áreas de compras, tributária e financeira para alinhamento

  • Monitorar novos decretos e medidas provisórias que afetam o setor

  • Estabelecer políticas internas para compliance com transações internacionais


🧠 Conclusão: o IOF como desafio — e oportunidade estratégica

O novo decreto do IOF pode parecer apenas mais um obstáculo, mas é também uma oportunidade para o comprador estratégico mostrar seu valor.

Ao compreender profundamente o impacto tributário nas transações internacionais e atuar de forma antecipada, o profissional de compras deixa de ser um executor e passa a ser um tomador de decisão com influência real nos resultados da empresa.

Adaptar-se rapidamente às novas regras é mais do que obrigação — é diferencial competitivo em um mercado cada vez mais exigente e globalizado.


Leituras complementares


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