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Certificações e tendências estratégicas para compras

Introdução

Para gerentes, analistas, especialistas e diretores da área de compras & suprimentos, manter-se atualizado com certificações e práticas emergentes representa mais do que uma questão de currículo — reveste-se de valor estratégico para elevar o impacto da função. Este artigo conecta cinco grandes pilares: as certificações Chartered Institute of Procurement & Supply (CIPS), Certified Professional in Supply Management (CPSM), Project Management Professional (PMP), os conceitos de Lean procurement e ESG procurement. A proposta envolve fornecer entendimento sobre o que são, por que importam e como integrá-los à prática de compras da organização.

O que é CIPS

A CIPS — Chartered Institute of Procurement & Supply — atua como instituição global para a profissão de compras e cadeia de suprimentos, promovendo padrões de integridade, competência e melhores práticas no setor.
Essa certificação representa um credencial de referência para profissionais que desejam demonstrar domínio técnico-estratégico da área de procurement. Por exemplo, possuir qualificação da CIPS pode indicar para empregadores a compreensão de abordagens sistemáticas para aquisição e gestão de fornecedores. 
No contexto de compras, onde riscos, compliance, sustentabilidade e desempenho da cadeia ganham centralidade, uma credencial como CIPS ajuda a posicionar a função como parceira estratégica do negócio.

O que é CPSM

A certificação CPSM (Certified Professional in Supply Management), emitida pela Institute for Supply Management (ISM), foca no gerenciamento estratégico da cadeia de suprimentos e da aquisição de bens e serviços em ambientes globais.
Para profissionais de compras que buscam transitar de um foco mais operacional para um papel com visão estratégica, a CPSM oferece credenciais que reforçam competência em categorias complexas, inovação com fornecedores e alinhamento com os objetivos corporativos.
Adotar essa certificação pode gerar vantagem competitiva: os profissionais certificados demonstram capacidade de articular a aquisição de forma integrada ao negócio, ao invés de atuar em silos.

O que é PMP e qual a relevância para compras & suprimentos

A certificação PMP — Project Management Professional, outorgada pela Project Management Institute (PMI) — valida a habilidade de liderar e gerenciar projetos em qualquer contexto ou indústria.
Embora não seja “puramente” focada em procurement, o PMP se torna cada vez mais relevante para profissionais de compras que gerenciam programas de mudança, iniciativas de sourcing estratégico ou transformação organizacional. O PMI inclusive destaca que projetos envolvem aquisição de bens, serviços e pessoal, e que a gestão de contratos integra o escopo de “procurement” no ciclo de projetos. 
Para analistas ou diretores de suprimentos que lideram iniciativas como implementação de tecnologia de compras, transformação de processos ou programas de sustentabilidade, o conjunto de habilidades do PMP adiciona rigor à entrega, cronograma, orçamentos e resultados esperados.

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Lean Procurement: conceito e aplicação

O conceito de Lean Procurement parte da lógica do pensamento enxuto (lean thinking) aplicada à função de compras. Trata-se de identificar e eliminar desperdícios no processo de aquisição para gerar mais valor com menos custo, menos complexidade e maior agilidade. 
Para equipes de compras, isso significa mapear o ciclo completo da requisição até o fornecedor, identificar etapas que não agregam valor, questionar por que cada passo existe (“por que fazemos isso?”) e aplicar automação, padronização ou simplificação onde for adequado. 
Ao implementar lean procurement, a função se move de revisão de contratos reativos para design de processos eficientes, mais integrados à cadeia de suprimentos e à entrega do negócio.

ESG Procurement: o que é e por que importa

ESG Procurement refere-se à integração dos critérios Ambientais, Sociais e de Governança no processo de compras e aquisições. Isso implica que as decisões sobre fornecedores e categorias considerem além do preço: impactos ambientais, direitos humanos, ética, compliance e governança da cadeia. 
Em tempos nos quais investidores, reguladores e consumidores exigem transparência e responsabilidade, o procurement assume papel estratégico para garantir que a cadeia suporte metas de sustentabilidade e mitigação de riscos.
Para gerentes e diretores de compras, incorporar ESG significa adotar avaliação de fornecedores quanto a práticas sustentáveis, exigir relatórios, definir cláusulas contratuais que reflitam compromissos de ESG e monitorar desempenho da cadeia além da transação.

Como integrar essas certificações e práticas em compras & suprimentos

Para avançar a maturidade da função de compras dentro da organização convém seguir uma agenda composta de quatro etapas:

  1. Mapear o nível atual da equipe de compras: quais certificações já existem (CIPS, CPSM, PMP), quais práticas estão em vigor (lean, ESG), quais gaps de competência ou processo existem.
  2. Definir direcionadores estratégicos alinhados ao negócio: por exemplo, reduzir custo total de propriedade em 10 % nos próximos 24 meses, aumentar a sustentabilidade da cadeia, reduzir lead time de aquisição, etc.
  3. Selecionar qual combinação de certificação e prática faz sentido: se o time for majoritariamente operacional, iniciar com CIPS ou CPSM pode trazer impacto imediato. Se gerencia programas de transformação, o PMP somado a lean procurement faz sentido. Se o foco for sustentabilidade, incluir ESG procurement como prática chave.
  4. Executar o plano de capacitação e transformação: promover formação, estruturar processos lean-inspired, incluir critérios ESG nos requisites e contratos, acompanhar métricas de desempenho, revisar e ajustar.

Benefícios esperados para profissionais de compras

Para analistas, especialistas e diretores de compras, os benefícios de adotar essas certificações & práticas incluem:

  • Reconhecimento profissional elevado e credibilidade interna e externa (CIPS, CPSM).

  • Habilidades de gestão de projetos aplicadas ao procurement (PMP), o que facilita iniciativas estratégicas e de mudança.

  • Processos de compras mais eficientes, menos desperdício e maior agilidade (lean procurement).

  • Cadeia de suprimentos mais sustentável, menos exposta a riscos de reputação e alinhada a metas ESG corporativas.

  • Maior participação estratégica nas decisões de negócio, não apenas execução de compras.

Desafios e como superá-los

Mesmo com os benefícios claros, há desafios a serem vencidos:

  • Resistência à mudança: times acostumados com processos tradicionais podem encarar dificuldades para adotar mindset lean ou critérios ESG. A solução passa por comunicação, patrocínio executivo e formação contínua.

  • Alinhamento com a organização: Certificações não substituem a necessidade de integração com estratégia corporativa. Deve haver apoio da alta gestão para que compras seja vista como função estratégica.

  • Mensuração de resultados: Sem métricas claras, torna-se difícil demonstrar o valor das práticas lean ou ESG. Implantar KPIs específicos desde o início ajuda a acompanhar evolução.

  • Priorização de investimento em capacitação: Escolher qual certificação seguir primeiro ou qual prática implementar exige visão e planejamento. Mapear o retorno esperado e o tempo de entrega ajuda na decisão.

Cenário prático: implementação para equipe de compras

Considere uma empresa de manufatura que deseja reduzir custos de compras diretas em 8 % ao ano, enquanto melhora seu desempenho ESG e reduz lead time em aquisições de peças-chave. O plano poderia incluir:

  • Certificar parte da equipe em CIPS (nível intermediário) para uniformizar terminologia e processos de compras.

  • Selecionar um gestor de transformação para receber a certificação PMP, liderar o projeto de redesign de processos de compras.

  • Aplicar uma abordagem lean procurement para mapear e eliminar etapas redundantes no processo de requisição a pagamento.

  • Introduzir critérios ESG nos contratos de peças-chave: por exemplo, exigência de relatório de emissões ou de ética do fornecedor.

  • Monitorar trimestralmente os indicadores: % de economia alcançada, lead time médio de compra, % de fornecedores com avaliação ESG.

  • Após 12 meses, revisar resultados e decidir evoluir para CPSM para parte da equipe que atua em categories globais ou mais estratégicas.

Recomendações para quem está no Brasil

Para profissionais no Brasil interessados nessas áreas, algumas recomendações práticas:

  • Verifique o reconhecimento local da certificação desejada: a CIPS e a CPSM têm validade internacional, mas consulte se há preparação em português ou localmente homologada.

  • Avalie o investimento de tempo e recursos: algumas exigem experiência, horas de estudo e taxas de exame (como o PMP exige, por exemplo, experiência e horas de educação formal).

  • Integre o plano de certificação ao plano de carreira e às metas da empresa para que o investimento seja justificado e alinhado ao negócio.

  • Busque aplicar imediatamente no trabalho as práticas que surge da certificação ou abordagem lean/ESG — o retorno é maior quando há aplicação real.

  • Compartilhe internamente os aprendizados e crie comunidade na equipe de compras, promovendo mudança cultural e processo contínuo.

Conclusão

No ambiente atual, onde cadeias de suprimentos enfrentam complexidade crescente, riscos regulatórios e pressão por sustentabilidade, a função de compras deixa de ser meramente operacional para se tornar estratégica. As certificações CIPS, CPSM e PMP oferecem trilhas de desenvolvimento para que profissionais elevem seu nível técnico e estratégico. As práticas lean procurement e ESG procurement fornecem modelos modernos de atuação que alinham a função de compras à geração de valor, eficiência e responsabilidade corporativa. Para gerentes, analistas, especialistas e diretores de compras & suprimentos, a combinação dessas certificações e práticas pode marcar a diferença entre uma função de suporte e um motor estratégico dentro da organização.


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