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Procurement Global

Práticas para reduzir riscos e garantir suprimentos estratégicos


A globalização das cadeias de suprimentos trouxe oportunidades imensas para empresas que buscam competitividade, inovação e redução de custos. Entretanto, operar em um ambiente internacional também impõe desafios complexos que exigem um olhar estratégico por parte dos profissionais de procurement.

Neste artigo, você vai descobrir práticas essenciais para reduzir riscos no procurement global, com foco em resiliência, compliance e inteligência de mercado. Prepare-se para elevar a maturidade da sua área de compras com as tendências mais relevantes do cenário atual.


O cenário atual do Procurement Global

Nos últimos anos, eventos como pandemias, guerras comerciais, conflitos geopolíticos e escassez de matérias-primas evidenciaram o quanto as cadeias de suprimentos internacionais podem ser frágeis. Com isso, empresas passaram a revisar seus modelos de procurement, buscando soluções mais seguras e flexíveis.

Além disso, novas regulações internacionais, como leis de due diligence ambiental e trabalhista, exigem mais controle sobre fornecedores globais. Essa complexidade obriga líderes de compras a terem estratégias bem definidas e sistemas robustos de análise de risco.

Por outro lado, há ganhos expressivos ao dominar o procurement global. Acesso a fornecedores inovadores, diversificação de fontes, maior poder de negociação e agilidade nas entregas são apenas alguns deles. Contudo, é preciso saber equilibrar riscos e oportunidades.


Identificação e classificação de riscos

Antes de pensar em mitigação, o primeiro passo é mapear e entender os riscos envolvidos na operação internacional. Nesse contexto, recomenda-se dividir os riscos em quatro grandes grupos:

  • Riscos Operacionais: falhas logísticas, atrasos no transporte, variações cambiais e problemas aduaneiros.

  • Riscos Estratégicos: dependência de fornecedores únicos, localização em regiões instáveis, barreiras comerciais.

  • Riscos de Compliance: não conformidade com leis locais ou internacionais, corrupção, trabalho análogo à escravidão.

  • Riscos de Sustentabilidade: impactos ambientais, pressão de stakeholders, reputação da marca.

Dessa forma, é possível priorizar ações de acordo com a gravidade e a probabilidade de ocorrência de cada tipo de risco.


Avaliação de fornecedores internacionais

Para mitigar riscos na origem, a seleção e avaliação de fornecedores globais deve ser muito mais criteriosa do que nas operações locais. Um bom processo deve incluir, entre outros pontos:

  1. Auditorias presenciais ou remotas.
  2. Revisão de certificações e históricos legais.
  3. Capacidade produtiva e estrutura financeira.
  4. Aderência a políticas ESG e compliance.

Adicionalmente, é fundamental implementar contratos robustos com cláusulas específicas de penalização, revisão cambial, prazos e garantias.

Com o apoio de ferramentas de SRM (Supplier Relationship Management), é possível manter uma base de fornecedores saudável, confiável e transparente.


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Estratégias de diversificação e dual sourcing

A dependência excessiva de um único fornecedor ou país pode ser extremamente arriscada. Por esse motivo, empresas líderes em procurement têm adotado estratégias de dual sourcing e diversificação regional.

Além de garantir maior resiliência, essas práticas também melhoram o poder de barganha e aceleram o tempo de resposta diante de crises. Por exemplo, ao dividir o fornecimento entre Ásia e América Latina, uma empresa pode reagir rapidamente a mudanças políticas ou logísticas em uma das regiões.

A diversificação não se limita ao geográfico. É recomendável considerar diferentes tamanhos de fornecedor (grandes e pequenos), modelos de produção e canais de distribuição.


Uso de tecnologia e dados para antecipação de problemas

A digitalização das cadeias de suprimentos trouxe uma revolução no controle de riscos. Hoje, ferramentas de big data, machine learning e blockchain já são realidade em muitas empresas de compras globais.

Com sistemas integrados, é possível monitorar, em tempo real, indicadores como:

  • Estoque de segurança;

  • Prazos de entrega;

  • Variação de custos logísticos;

  • Notícias sobre regiões produtoras;

  • Ratings financeiros de parceiros.

Portanto, ao invés de reagir a crises, o procurement global moderno atua de forma preditiva, usando dados para antecipar gargalos e replanejar rotas ou contratos com rapidez.


Parcerias estratégicas e colaboração com stakeholders

Reduzir riscos não é tarefa exclusiva do time de compras. O sucesso no procurement global depende da colaboração entre diferentes áreas da empresa, além de alianças externas.

Por exemplo, alinhar demandas com o time de planejamento ajuda a melhorar previsões e evitar compras emergenciais. Já a parceria com jurídico garante contratos mais sólidos. E a colaboração com marketing pode ser essencial para avaliar impactos reputacionais.

Externamente, trabalhar com associações internacionais, câmaras de comércio e consultorias locais também contribui para antecipar riscos e entender a realidade de cada país.


Gestão de compliance e Due Diligence Global

A gestão de compliance deve ser tratada como prioridade estratégica no procurement internacional. Novas legislações, como a Lei de Devida Diligência Alemã (Lieferkettengesetz), exigem que empresas garantam que toda a cadeia de suprimentos esteja em conformidade com direitos humanos, ambientais e fiscais.

Para atender a essas exigências, a prática de due diligence deve ser constante. Ela deve incluir:

  • Verificação de antecedentes dos fornecedores;

  • Validação de práticas ambientais;

  • Entrevistas com funcionários e auditorias sociais;

  • Monitoramento contínuo, não apenas na contratação.

Essa abordagem não só evita sanções legais, como protege a reputação da empresa e atrai investidores comprometidos com sustentabilidade.


Resiliência logística e planejamento de contingência

Mesmo com fornecedores confiáveis e contratos bem estruturados, eventos inesperados podem ocorrer. Por isso, o procurement global precisa estar preparado com planos de contingência logísticos.

A construção de rotas alternativas, mapeamento de portos secundários, parceiros de transporte redundantes e estoques estratégicos são boas práticas para manter o abastecimento durante crises.

Além disso, a construção de relacionamentos próximos com operadores logísticos permite agir com agilidade quando imprevistos acontecem — como bloqueios de fronteiras ou escassez de containers.


Treinamento e desenvolvimento contínuo da equipe

Outro fator crítico para reduzir riscos é o investimento na capacitação contínua dos profissionais de procurement. Diante de um cenário global dinâmico e cada vez mais regulado, a atualização constante é indispensável.

Cursos sobre compliance internacional, negociação cross-cultural, uso de tecnologias emergentes e análise de riscos devem fazer parte do plano de desenvolvimento da equipe.

Líderes visionários sabem que profissionais bem preparados conseguem tomar decisões mais rápidas, eficazes e alinhadas com os objetivos estratégicos da organização.


Monitoramento contínuo e KPIs de risco

Por fim, uma gestão eficaz de riscos em compras globais depende de indicadores claros. Criar KPIs específicos de risco ajuda a acompanhar o desempenho da operação e identificar oportunidades de melhoria.

Alguns exemplos incluem:

  • % de fornecedores com plano de mitigação de risco;

  • Tempo médio de resposta a crises logísticas;

  • Incidência de não conformidade por região;

  • Taxa de variação cambial absorvida em contratos.

Esses dados devem ser analisados regularmente e compartilhados com a alta liderança para garantir decisões alinhadas ao risco corporativo.


Conclusão: O Procurement Global exige visão estratégica e agilidade

A expansão global das operações de compras oferece oportunidades imensas — mas também impõe riscos significativos que exigem uma abordagem estruturada, analítica e colaborativa.

Para os profissionais de compras e suprimentos, o papel vai além da negociação de preços. É preciso entender geopolítica, legislação internacional, sustentabilidade, tecnologia e logística global.

Adotar práticas como diversificação de fornecedores, automação de processos, due diligence contínua e gestão de compliance não é mais diferencial — é essencial para garantir a continuidade dos negócios em um cenário imprevisível.

 

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