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Como o Comprador lida com a pressão por custos

Estratégias inteligentes para momentos de alta demanda


A área de compras e suprimentos nunca foi tão desafiadora quanto nos dias atuais. Entre metas agressivas de redução de custos, variações cambiais, rupturas na cadeia de suprimentos e expectativas cada vez mais altas de stakeholders, o comprador moderno se vê no centro de um jogo de xadrez estratégico.

Afinal, como lidar com essa pressão crescente por custos sem comprometer qualidade, prazos e relacionamentos com fornecedores? Essa pergunta tem tirado o sono de muitos profissionais da área.

O novo papel do comprador nas organizações

Historicamente, o comprador era visto como alguém responsável apenas por solicitar cotações e fechar pedidos. Hoje, sua função é muito mais estratégica. Com o avanço da digitalização, do compliance e das metas de ESG, ele passou a ser peça-chave no equilíbrio entre eficiência operacional e sustentabilidade financeira.

Além disso, a atuação do comprador impacta diretamente a margem de lucro das empresas. Portanto, qualquer economia gerada em compras pode representar um ganho expressivo no resultado final.

Identificando as fontes da pressão por custos

Inicialmente, é fundamental entender de onde vem a pressão. Muitas vezes, ela não se limita a uma ordem direta da diretoria. Em alguns casos, nasce da instabilidade dos mercados globais, da escassez de insumos ou da necessidade de aumentar a competitividade frente aos concorrentes.

Sob outro ponto de vista, há situações em que o próprio setor de vendas pressiona compras para encontrar alternativas mais baratas a fim de fechar um contrato estratégico. Isso exige uma grande capacidade analítica do comprador, que precisa conciliar interesses internos e externos.

Análise crítica do cenário de fornecedores

A primeira reação de muitos compradores diante de uma demanda de redução de custos é partir para a renegociação de preços. Embora seja uma prática comum, ela não pode ser a única abordagem.

Por exemplo, é possível identificar oportunidades melhores a partir de uma análise aprofundada da base de fornecedores. Substituir fornecedores ineficientes, consolidar compras ou trabalhar com parceiros mais próximos geograficamente pode trazer resultados mais consistentes a médio prazo.

Outro fator que não pode ser ignorado é a capacidade de entrega. Em tempos de pressão, cortar custos com fornecedores que já apresentam problemas de performance pode gerar ainda mais prejuízos.

Planejamento e previsibilidade como diferenciais competitivos

Em momentos de crise, os compradores mais estratégicos se destacam pelo planejamento antecipado. Ao projetar demandas futuras com base em dados históricos e insights do mercado, conseguem negociar melhor e evitar compras emergenciais, que tendem a ser mais caras.

Além disso, estabelecer contratos de médio e longo prazo com cláusulas de revisão ajuda a equilibrar preços e manter uma relação mais estável com os fornecedores.

Embora esse tipo de negociação exija mais tempo e alinhamento com as áreas de planejamento e financeiro, os resultados compensam no médio prazo.


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Curso compradores Estratégias de negociação e “posicionamento”

A importância da colaboração interna

Frequentemente, a pressão por custos vem acompanhada de pouca comunicação entre os departamentos. O comprador, nesse cenário, vira o “vilão” que diz não. Contudo, com uma atuação mais consultiva, ele pode assumir um papel de mediador entre as áreas.

Quando compras se aproxima de setores como produção, engenharia e financeiro, torna-se mais fácil identificar oportunidades conjuntas de redução de custos — como a substituição de materiais, ajustes de especificações ou a padronização de itens.

Por conseguinte, o comprador precisa desenvolver habilidades interpessoais e de comunicação para não apenas negociar fora da empresa, mas também internamente.

Digitalização e automação: aliados da eficiência

A tecnologia tem sido uma das principais aliadas dos compradores que enfrentam pressão constante por resultados. Ferramentas de e-procurement, BI, RPA e ERPs avançados ajudam a mapear oportunidades, eliminar gargalos e acelerar processos.

Ao digitalizar etapas operacionais, sobra mais tempo para análises estratégicas e desenvolvimento de fornecedores. Além disso, a automação reduz erros e melhora a rastreabilidade das ações, facilitando auditorias e decisões baseadas em dados.

Nesse contexto, os compradores que dominam o uso dessas ferramentas ganham vantagem competitiva dentro da organização.

Técnicas de negociação em momentos de pressão

Nem sempre é possível reduzir preços, mas é possível obter ganhos indiretos. Ao invés de forçar descontos, o comprador pode negociar melhores prazos de pagamento, frete grátis, condições de estoque consignado ou até mesmo treinamentos técnicos fornecidos pelo parceiro.

Aliás, em muitos casos, os fornecedores estão dispostos a colaborar, desde que percebam valor na relação comercial. Assim, o uso de técnicas como “ganha-ganha”, BATNA (Best Alternative to a Negotiated Agreement) e preparação de cenários fortalece a posição do comprador.

Indicadores de desempenho: como comprovar valor sem só falar de preço

Para lidar com a pressão por custos sem perder credibilidade, o comprador precisa ser capaz de demonstrar os resultados de suas ações com números concretos. Indicadores como saving (economia gerada), lead time, índice de atendimento de fornecedor (OTD), custo total de propriedade (TCO) e SLA de compras são fundamentais.

Além disso, dashboards claros e relatórios com storytelling facilitam o entendimento por parte da alta gestão e demonstram o real impacto das ações de compras.

Portanto, comunicar o valor gerado de forma estratégica é tão importante quanto obtê-lo.

A influência da cultura organizacional

É comum encontrar empresas que enxergam o setor de compras apenas como um centro de custos. Nesses ambientes, o comprador tende a sofrer ainda mais com cobranças por redução de preços sem respaldo técnico ou estratégico.

Por outro lado, quando a cultura empresarial valoriza a área como um centro de valor e performance, o comprador se torna protagonista. Nesses casos, há mais liberdade para testar soluções inovadoras, aplicar técnicas de strategic sourcing e desenvolver parcerias de longo prazo.

Nesse sentido, cabe ao profissional de compras também atuar como agente de mudança cultural, trazendo dados e resultados que justifiquem uma nova visão sobre seu papel.

Resiliência emocional e gestão da pressão

Diante de metas agressivas, prazos curtos e múltiplos interesses em jogo, é natural que o comprador experimente altos níveis de estresse. Por isso, desenvolver resiliência emocional é tão importante quanto dominar aspectos técnicos.

Saber priorizar demandas, gerir conflitos, lidar com críticas e manter o foco nos objetivos são habilidades que fazem diferença na rotina. Assim como ter uma rede de apoio, participar de fóruns de discussão e buscar mentorias também são estratégias valiosas.

Em última análise, o profissional que consegue manter a clareza e o equilíbrio em meio ao caos se destaca.

Considerações finais

A pressão por custos não vai desaparecer. Pelo contrário, tende a se intensificar com os desafios globais e as exigências de um mercado cada vez mais competitivo. No entanto, os compradores que entendem esse cenário como uma oportunidade para inovar, liderar e se posicionar estrategicamente estão transformando o setor de suprimentos.

Com planejamento, tecnologia, visão analítica e habilidades interpessoais, é possível ir além da simples economia: é possível gerar valor real para o negócio.

 

Leituras complementares


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